A Arte é a minha alma

Marcello Fernandes Martins Mihellangello Art Gallery

 

Uma criança de dois anos de idade pede à mãe, com certa frequência, papel para desenhar. Aos três já desenha traços legíveis e representativos, buscando por pedacinhos de papel em meio à turbulência das ruas para não perder a inspiração. E sua infância oscila entre o brincar e o desenhar, representar o mundo interior e exterior. Provavelmente esta criança  se tornou um desenhista, arquiteto, pintor, pensará o leitor.

Bem, a resposta é Sim e Não. Essa criança se tornou um homem que cuida da vida humana em seu estado mais frágil e é nos raros intervalos dessa difícil, árdua e importante missão que o reconhecido enfermeiro Marcello Fernandes Martins dá vida à uma folha branca (ou a uma tela nua).

E como toda história tem seus ciclos de renovação e (re) nascimento, a do artista plástico não poderia ser diferente. Diante da sua insaciável sede pela Arte, ele decidiu se aventurar pelo profundo, misterioso e fascinante mundo das cores. E foi então que o universo ganhou mais formas e tons, mais representações em pinceladas cada vez mais ousadas, inusitadas e, ao mesmo tempo singelas.

Oscilando entre os estilos clássico, hiper-realista e impressionista, suas obras impressionam pela força e ao mesmo tempo sutileza como representam o mundo, que parece mais belo e perfeito em suas telas do que no mundo dos sentidos, como diria Platão. Marcello conseguiu livrar-se das correntes que o prendiam à caverna (o cotidiano) e, ao ver o Sol, não se contentou em apenas apreciá-lo, quis re-criar o mundo pelas suas mãos.

Ainda que sob os corredores frios, angustiantes e melancólicos dos hospitais, ele vê o mundo sob uma ótica reluzente: quente, alegre e vivaz. Suas obras transcendem os antiquados conceitos de escolas e estilos, trazendo o real e o onírico para uma conversa íntima dentro da tela.

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Ele revela que o artista plástico que mais o inspira é Michelangelo, tornando-se sua identidade virtual e, hoje, trazendo o nome da galeria de arte fundada por ele. Os dois LL’s no nome é uma identidade extremamente íntima relacionada ao artista, uma associação ao seu nome pessoal e também artístico Marcello. Mas há outros artistas, mais próximos, que tem lhe proporcionado inspiração e ânimo.

O artista em busca do sonho

Viver da arte. Eis o sonho de todo artista. Muitos, como Van Gogh, morrem na miséria e tornam-se célebres após a morte. Esse fato, que chega a ser quase corriqueiro no mundo das artes, faz com que muitos artistas desistam do sonho.

No entanto, após 19 anos dedicando-se à cura das pessoas, Marcello teve coragem e decidiu negociar suas obras com colecionadores e amantes das artes plásticas. E seu sonho abrange também o outro: a galeria irá proporcionar esta oportunidade para outros artistas, que em espaços institucionalizados não teriam tanto representatividade.

Um dos grandes trunfos da Michellangello é que ela transcende as limitações espaço-temporais. A obra fica exposta por tempo ilimitado e acessível para pessoas de todas as regiões do mundo. A possibilidade de democratização que a galeria virtual de arte proporciona, por ter um custo menor e estar acessível a diferentes públicos foi um dos fatores que mais motivaram o artista, preocupado com a promoção da arte e da cultura em Juiz de Fora.

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Como surgiu a ideia de criar uma galeria de arte e por que?

A galeria física tem o espaço muito restrito a um determinado público, já a galeria virtual tem um espaço amplo e acessibilidade não só naquela localidade, mas para Minas Gerais, para o Brasil e até para o mundo, abrindo-se a diversos espaços e pessoas. Além disso, o custo do espaço virtual é bem menor, democratizando o acesso à arte.  É mais barato e acessível, sem limitação geográfica. Também há a busca da minha realização pessoal, que é o sonho de viver da arte, que é a razão da minha vida, a minha grande paixão.

O que a Michellangello traz de novo no atual cenário artístico e cultural?

Cada galeria tem uma finalidade, a Michellangello busca promover a divulgação de artistas de Juiz de Fora e região, descobrir nos cantões de Minas artistas e artesãos que ainda não foram descobertos e ajudar esses artistas a venderem suas obras e a ficarem conhecidos em todo o mundo.

Também visamos a divulgação de eventos, artistas, tendências, fomentando a arte e promovendo o intercâmbio de artistas.

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Qual o ideal que você teve ao criar a galeria?

Ser uma referência para os artistas da região, construindo parcerias, porque o espaço é muito limitado. Então a galeria vai ser uma janela para o mundo, para o artista divulgar sua arte e poder vende-las.

É um sonho antigo criar uma galeria de arte e agora estou tendo a oportunidade de realizar esse sonho. O espaço onde eu vinha expondo minhas obras ainda é restrito então com a galeria eu tenho a oportunidade de expor a minha obra para um público muito maior, e quero que outros artistas tenham a mesma oportunidade.

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Fale sobre sua carreira

Eu tive influências externas para escolher a área de saúde e fazer um curso de enfermagem. Meu pai sempre exigiu que a gente aprofundasse nos estudos, mas quando ele faleceu eu tive que começar a trabalhar, então trabalhei em muitas coisas diferentes, no comércio e até em canil, cuidando de 40 cachorros. Mas, uma possibilidade de ir para os Estados Unidos e trabalhar com Enfermagem me incentivou a fazer um curso na Santa Casa de Misericórdia e comecei a me apaixonar pela área, sendo chamado durante o curso para trabalhar no Hospital.

Como eu gostei da área, decidi me aprofundar mais, fiz técnico e depois me graduei, acumulando 22 anos de dedicação à Saúde Pública.

Mas, desde 2 / 3 anos de idade eu já era apaixonado pelas artes. Quando saía nas ruas, arrumava sempre um pedacinho de papel para desenhar as coisas que eu via. Eu sou um autodidata.

Depois de um tempo decidi aprender a mexer com cores e procurei a Catarina para aprender a técnica de uso dos materiais, porque não queria mexer com o meu jeito de desenhar, que é bem pessoal.

Nessa profissão eu aprendi a técnica do improviso, desvendando novos caminhos. As artes eu sempre levei como hobby e a profissão me permitia sustentar essa paixão.

O artista já é sensível, mas nessa área que eu trabalhei minha sensibilidade aumentou em relação à arte e isso me ajudava a lidar com os pacientes.

O ambiente hospitalar já o inspirou a fazer trabalhos de sofrimento humano?

Sim. Quando trabalhei na área de tuberculose, mas eu não gostei. A morte também já foi um tema que me instigou a produzir, mas eu decidi abandonar este projeto. A pintura também é uma terapia para quem trabalha neste tipo de ambiente: muito sofrimento, dor, sobrecarga.

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Como você enxerga a arte? O que ela é para você?

A arte é arte a minha alma. Eu nasci artista. Eu não consigo me imaginar sem a arte, é como se tivesse faltando metade da minha alma.

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Quais as tendências artísticas das suas obras?

Eu faço qualquer estilo, mas a minha tendência é o clássico. Mas tenho desenvolvido tendências de impressionismo e hiper-realismo. Porque eu gosto de pintar cada detalhe da imagem pintada. Gosto de telas grandes, de cerca de 2m de altura. Domino técnicas como Óleo sob tela, Aquarela, Acrílica, Carvão e Grafite.

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Como é seu processo de inspiração e criação?

Eu acordo inspirado, mas onde me sinto mais estimulado para produzir é no estúdio da Catarina, que me acompanha há muitos anos.

Acompanhe a Michellangello, em breve teremos um novo bate papo com artistas que compõe o acervo da galeria.

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